A Terceira Idade

Relatório da Visita à Associação de Apoio Domiciliário de Lares e Casas de Repouso de Idosos

Data: 5 de Maio de 2009
Hora: 10h30m
Local: Alcântara

   No dia 5 de Maio de 2009, por volta das 10h30m, o grupo deslocou-se à Associação de Lares de Idosos, situada em Alcântara, onde foi recebido pela Dr.ª Ana Paula Fernandes, que, com 15 anos a trabalhar na Associação, era a pessoa indicada para nos esclarecer algumas dúvidas.

   Esta visita permitiu-nos, sobretudo, recolher bastantes dados e informações acerca da realidade da terceira idade em Portugal, baseando-se o desenrolar dos acontecimentos num pequeno inquérito previamente elaborado:

  1. A maioria das instituições presta apoio exclusivamente a pessoas idosas?
  2. Quais os serviços maioritariamente prestados?
  3. Qual a média de idades de entrada em lares?
  4. Quais os principais obstáculos das instituições?
  5. Quais os principais problemas que as pessoas idosas enfrentam?
  6. Qual a capacidade/lotação média dos lares e qual a aconselhada?
  7. Existem meios de apoio aos idosos suficientes?
  8. Qual o tipo de apoio mais importante para os idosos, no seu dia-a-dia?
   As respostas foram, contudo, surgindo à medida que a conversa fluía.

   Comçámos por perceber que o apoio social, de um ponto de vista jurídico, se divide em três géneros:
      - Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), que, fundadas por iniciativa particulares, não têm fins lucrativos e actuam segundo o dever moral de solidariedade e de justiça entre indivíduos;
      - Santas Casas da Misericórdia, tuteladas pelo Governo mas independentes e autónomas económica e administrativamente;
      - Lares privados com fins lucrativos.

   Foi-nos dito que, não desvalorizando a importância social que têm, as IPSS e as Misericórdias apresentam uma menor qualidade das instalações na sua maioria, pela questão económica que diferencia estas instituições, sendo que os lares privados obtêm lucros com as mensalidades dos utentes, conseguindo garantir melhores condições. Contudo, é importante referir que o mais importante não é a excelente qualidade das infra-estruturas, mas sim o tratamento aos idosos, uma vez que os principais problemas desta faixa etária são a falta de consideração e de respeito da sociedade, a falta de afectividade e a perda de autonomia. Podemos dizer, citando a Dr.ª Ana Paula: “Quem permitiu um maior tempo de vida, não pensou na qualidade desta”.


   Na sua grande maioria, as instituições, qualquer que seja o seu carácter jurídico, destinam-se exclusivamente a idosos, o que é preferível na medida em que, dadas as fragilidades desta faixa etária, é importante uma preparação a 100% por parte de quem presta serviços. Por sua vez, os serviços oferecidos pelas instituições variam consoante a sua condição jurídica: nos lares privados com fins lucrativos e nas Misericórdias é geralmente oferecido serviço interno e de apoio residencial temporário, enquanto as IPSS prestam mais serviços de centro de dia, centro de convívio e apoio domiciliário. Esta diferença verifica-se igualmente na distribuição destas instituições pelo território nacional, sendo que no Porto Lisboa e grande maioria da faixa Norte-Litoral predominam os lares privados, no Alentejo as Misericórdias e no Norte as IPSS, enquanto que o Algarve encontra-se dividido entre as IPSS e as Misericórdias.

   Enquanto as várias instituições enfrentam, sobretudo, a fraca rentabilidade do negócio e os parâmetros legais bastante exigentes a que têm de obedecer, os utentes destas enfrentam problemas mais graves, como muitas vezes a falta de tipo e qualidade dos recursos humanos, que se reflecte no tratamento desadequado e uma certa falta de consideração perante o idoso. Embora a própria mentalidade dos proprietários dos lares esteja a mudar, uma vez que quando este ramo começou os valores eram muito diferentes dos actuais, a verdade é que continuam a ser escassos os meios de apoio a idosos e põe-se em causa a capacidade de se conseguir manter os níveis técnicos em relação a pessoal qualificado. É por este motivo que a Dr.ª Ana Paula considera importante a união entre proprietários e as relações entre instituições, sendo esta mentalidade que move o trabalho desenvolvido pela ALI.

   Para último, reservámos a questão que, na nossa opinião, é a fulcral:

Qual o tipo de apoio mais importante para os idosos, no seu dia-a-dia? Quais as suas principais necessidades?

   Em Portugal, o primeiro obstáculo surge com o facto das reformas serem baixas e não haver um planeamento prévio da velhice, ao contrário do modelo dos países nórdicos. Por este motivo, e devido a várias situações, como a falta de afectividade, o isolamento, a falta de consideração pelos idosos e de cuidados pessoais, paramédicos e domésticos, as dificuldades de mobilidade e o facto de, por vezes, não haver uma boa percepção das reais necessidades desta faixa etária, é cada vez mais importante o papel das associações e centros recreativos onde as pessoas se sintam integradas e com um papel activo na sociedade.


   Como já referimos acima, foi uma visita bastante produtiva e na qual pudemos contar com o total apoio da Dr.ª Ana Paula Fernandes, a quem prestamos os nossos agradecimentos.

 

 

Por sugestão da Dr.ª Ana Paula Fernandes, fomos consultar a Carta Social que, desenvolvida pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho e da Segurança Social, se "consubstancia numa Base de Dados que comporta diversos ficheiros temáticos com a informação mais relevante da rede de serviços e equipamentos, relacionáveis entre si e com referenciação geográfica ao nível da freguesia/concelho."


Obtivemos uma série de gráficos contidos no Relatório de 2007 que achámos oportuno disponibilizar para uma melhor compreensão das informações obtidas na visita à ALI.



Fonte: http://www.cartasocial.pt
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